O Desafio da Conservação dos Peixes-Boi no Brasil

Popularmente, o termo “peixe-boi” refere-se aos mamíferos aquáticos da ordem Sirenia, todos da família Trichechidae. No Brasil, encontramos duas espécies: o peixe-boi-da-amazônia (Trichechus inunguis), endêmico da bacia amazônica, e o peixe-boi-marinho (Trichechus manatus), que habita as áreas costeiras e estuarinas do litoral norte e nordeste, incluindo o estado do Pará.

Essas espécies compartilham características biológicas que as tornam naturalmente vulneráveis, como a baixa taxa reprodutiva, longos períodos de gestação e um prolongado cuidado parental. A sobrevivência dos filhotes depende diretamente da presença materna, tornando a perda precoce dos cuidados dos pais, em casos de encalhe, ainda mais crítica para a espécie.

Ameaças e Declínio Populacional

As principais ameaças aos peixes-boi atualmente incluem a caça de subsistência, colisões com embarcações e os impactos das mudanças climáticas. Eventos como secas extremas e o assoreamento de áreas de reprodução são fatores que aumentam significativamente a ocorrência de encalhes de indivíduos.

Os registros sobre o declínio populacional do peixe-boi-marinho no Brasil são alarmantes. Há relatos da extinção local da espécie na costa do Pará já nas décadas de 1970 e 1980. Apesar da proibição da caça desde 1973, ela ainda persiste em escala local, comprometendo seriamente a recuperação populacional. Somando-se a esse cenário, observa-se um aumento recente no número de encalhes, principalmente de filhotes, o que sublinha a urgência de medidas estruturais e eficazes.

Status de Conservação Crítico

A situação dos peixes-boi é grave. A espécie está categorizada como “Criticamente em Perigo” na Lista de Espécies da Flora e Fauna Ameaçadas de Extinção no Estado do Pará. Na “Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção”, é classificada como “Em Perigo”. A IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) a considera “Vulnerável”, indicando um risco de extinção em médio prazo.

Esses status reforçam a necessidade de ações coordenadas e urgentes para garantir a sobrevivência dessas espécies icônicas em nossos ecossistemas.