Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) e Instituto Federal do Amapá (Ifap) coletaram, nesta segunda-feira (30/9), um boto-rosa fêmea de 1,92m de comprimento na orla do bairro do Cidade Nova, na zona leste de Macapá.

O resgate e coleta de botos, golfinhos e baleias faz parte do Projeto Caracterização e Monitoramento de Cetáceos nas bacias Pará, Maranhão e Foz do Amazonas (PCMC).

O animal foi encontrado pelo autônomo Andrio Ferreira, morador da região, por volta das 11h. Em um primeiro momento, o homem diz ter acreditado que se tratava de um pedaço de isopor boiando.

“A parte da cabeça dele não aparecia. Aí quando a maré trouxe ele mais para perto, deu para ver que era um boto”, contou Ferreira.

O rapaz pediu ajuda de outras pessoas para amarrar o mamífero e impedir que ficasse batendo nas pedras da planície fluvial.

A informação do encalhe chegou aos pesquisadores por meio da Associação dos Velejadores do Amapá (Avap), que fica próxima à região onde o boto foi encontrado. O Batalhão Ambiental da Polícia Militar também foi acionado para ajudar a recolher o mamífero aquático.

“A população local colaborou em diversos sentidos: desde o acionamento, como a presença deles durante o resgate, medição, deslocamento, retirar de uma região de pedras. Eles também amarraram o animal para evitar que a maré o levasse”, detalhou o médico veterinário Luiz Alberto Sabioni.

Pesquisadores do Iepa e Ifap coletam boto-rosa com quase 2 metros na orla de Macapá
Pesquisadores do Iepa e Ifap coletam boto-rosa com quase 2 metros na orla de Macapá

O boto-fêmea já estava em estado avançado de decomposição quando a equipe chegou ao local. A bióloga Claudia Silva informou que o animal também apresentava sinais de emalhe em rede de pesca (cicatrizes possivelmente causadas por rede de pesca).

“É o primeiro animal dessa espécie que coletamos. A gente percebeu que ele tem algumas marcas de emalhe em rede, então, deve ser provavelmente a causa da morte”, explicou Cláudia.

“Deixamos o animal numa solução com água e detergente, e ele vai passar por esse processo de limpeza até o material ósseo ficar totalmente limpo para ele ser inserido na coleção do Laboratório de Mamíferos do Iepa”, descreveu o cientista ambiental Roginey Silva.

Sobre o PCMC

O Projeto de Caracterização e Monitoramento de Cetáceos busca analisar encalhes de baleias, botos e golfinhos.

Para isso, estudam a bula timpânica: estrutura óssea no ouvido do animal que apresenta alterações quando este tem alguma interação com atividades sísmicas.

“Mesmo que o animal esteja morto, é importante que a gente seja acionado. Ainda que a bula timpânica esteja muito deteriorada, podemos identificar se a espécie é de água doce ou salgada, além disso nos ajudar em outros estudos”, destaca a bióloga Cláudia Silva.

A execução do Projeto de Caracterização e Monitoramento de Cetáceos é uma exigência estabelecida no processo de licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.

Iepa e Ifap disponibilizam números de Disque-encalhe para ocorrências em que sejam avistados animais marinhos encalhados em todo o litoral do Amapá até o norte da Ilha do Marajó.

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