Neca Marcovaldi, da Fundação Projeto Tamar, fala da a importância da pesquisa, da interação comunitária e da inclusão social e da divulgação de conhecimentos e iniciativas ambientais

A oceanógrafa, fundadora e coordenadora de conservação e pesquisa nacional da Fundação Projeto Tamar, Neca Marcovaldi, participou, nesta quinta-feira (21/11), da II Oficina de Comunicação e Jornalismo dos PCS da Margem Equatorial.

Durante a oficina, Neca destacou a importância da pesquisa, da interação comunitária e da inclusão social e da divulgação de conhecimentos e iniciativas ambientais.

“Conservação se faz juntando um mosaico de conhecimentos e ações, se faz com pesquisa científica, educação ambiental, inclusão social, geração de emprego e renda, comunicação e autossustentação”, afirmou.

De acordo com Neca, atualmente, são mais de 1.100 km de praia monitorados e protegidos pela Fundação Projeto Tamar, do Rio Grande do Norte a Santa Catarina, incluindo Fernando de Noronha e Trindade. Além disso, a Fundação atua hoje em 22 localidades, entre museus, bases e lojas.

“Tivemos 750 mil visitantes 2023 nos museus da tartaruga marinha, atendimentos escolares, atividades marinhas e oficinas artísticas que trazem as pessoas para a causa sem perturbar os animais nas praias”, observa.

“A experiência e o sucesso da Fundação Projeto Tamar é uma construção de 43 anos. Um dos melhores aprendizados que tivemos foi entender que não há modelos, é preciso escuta e ver qual a melhor forma de se relacionar, não só com as comunidades pesqueiras, mas com a sociedade, de modo geral. Não acredito em modelos”, afirmou, destacando que, dentro da Fundação Projeto Tamar há uma grande diversidade, inclusive regional.

É essencial atuar na área de pesquisa para aumentar o conhecimento, promover melhora da qualidade de vida das comunidades, com inclusão social e geração de emprego, e não só apresentar um modelo teórico.

“Já na década de 80 entendemos que precisávamos nos estabelecer nos lugares principais e tivemos a humildade para entender que o que academia nos deu de base não nos ajudava a entender o que acontecia na praia. Isso quem poderia nos ajudar a entender eram os pescadores”, contou.

A oceanógrafa lembra que é preciso cuidar das pessoas para que elas possam cuidar das tartarugas.

“Pensando nisso, logo no início passamos a contratar os pescadores mais antigos e trabalhar junto às mulheres das comunidades para promover mudanças nas novas gerações. Dessa forma, as comunidades começaram a respeitar as tartarugas através do respeito ao trabalho dos pescadores”, lembra.

“O que os olhos não veem o coração não sente. Foi o morar e a convivência que estabeleceu elos de confiança e nos mostrou o que fazer. Visitar as comunidades, eventualmente, não é forma de diálogo”, afirmou.

Para Neca, a Fundação Projeto Tamar foi e continua sendo um trabalho de longo prazo. “E para isso é preciso planejamento, interlocução e um horizonte de independência financeira para garantir as atividades”, concluiu.

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