Seu Nilson é pescador da Reserva Extrativista Marinha de Soure, na Ilha de Marajó. Tem 63 anos. Já morou na praia do Araruna.

“O seu Nilson é um pescador muito experiente. A quem a gente sempre recorre para fazer o monitoramento na Praia do Araruna. Ele sabe indicar a melhor maré para conseguirmos atravessar os igarapés com segurança e ter sucesso no nosso trabalho”, afirma Renata Emin, bióloga e coordenadora técnica do Instituto Bicho D’água.

Segundo Renata, seu Nilson é uma pessoa fundamental para o trabalho do Instituto Bicho D’água no Marajó, pelo seu conhecimento da dinâmica da maré na região.

Ela explica que a praia do Araruna, como outras praias do Marajó e do Pará, são cortadas por igarapés. “Por conta disto, o monitoramento de praias nessa região é feito a pé pelos pesquisadores, que precisam estar atentos aos horários das marés, que são do tipo macromarés semidiurnas, ou seja, temos diariamente dois picos de maré alta e dois picos de maré baixa”, explica.

Para fazer os monitoramentos com segurança, é preciso calcular o tempo do percurso de forma a atravessar os igarapés na maré baixa. E no caso específico da praia do Araruna, os igarapés do Barco e da Glória só secam totalmente nas marés de sizígia, ou seja nas luas nova ou cheia.

“É preciso ter conhecimento da maré para não colocar em risco a vida e o trabalho das pessoas que estão conosco”, explica Seu Nilson. “É preciso saber qual o local onde tem que passar no igarapé, saber onde é mais raso, onde é mais fundo, pra saber onde é possível fazer a travessia sem risco”, acrescenta.

Segundo Seu Nilson a maré está em constante mudança, daí, a necessidade dessa conexão com a natureza.

“É a maré que determina o horário pra todos nós. Não adianta você chegar e querer fazer um horário seu, que não vai dar certo. Tem que ser o horário que a maré dá pra você fazer o trabalho”, ensina.

Ele lembra o encalhe da baleia na praia do Araruna, em 2019.

“Foi um alvoroço na nossa cidade. Eu tinha conhecimento de encalhes pequenos, de alguns botos e animais pequenos. Mas baleia foi uma novidade muito grande. Eu fui ajudar a resgatar os restos mortais dela, que, por sinal foi muito trabalhoso para a equipe e fiquei admirado com a agilidade das pessoas fazendo esse trabalho”, lembra.

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