Filhotes foram resgatados em Santarém e Monte Alegre e encaminhados para reabilitação na UFPA de Castanhal

Dois filhotes de peixe-boi, com idade aproximada de três meses, chegaram de avião ao aeroporto de Belém, com apoio do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp), no fim da tarde desta quinta-feira, 12 de junho, após serem resgatados em Santarém, no oeste do Pará.

Após o desembarque, os animais foram transportados por via terrestre, com apoio do Ibama, até o Centro de Reabilitação de Fauna Aquática (CREFA) do Instituto Bicho D’água, em parceria com o Instituto de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Pará (UFPA), no município de Castanhal, onde receberão os primeiros atendimentos veterinários.

“Os filhotes passarão por tratamento, medicação, avaliação clínica, exames e alimentação especializada”, conta Renata Emin, bióloga e presidente do Instituto Bicho D’água. “Depois de estabilizados, o processo de reabilitação deve durar de dois a três anos, até que estejam aptos a serem reintroduzidos à natureza”, explica.

De acordo com a bióloga, um dos filhotes, uma fêmea, foi encontrada sozinha e desorientada no dia 11 de junho por um pescador no município de Monte Alegre, também na região oeste do estado. Ela apresentava um ferimento no olho, possivelmente causado por agressão com madeira. A mãe do animal não foi localizada. A filhote foi entregue pelo pescador à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA), que acionou a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) e, posteriormente, o Instituto Bicho D’água.

O macho que recebeu o apelido carinhoso de “Tião” foi resgatado pelo ICMBio/Flona do Tapajós, que cuidou nos primeiros dias com as orientações técnicas do IBD.

Projeto anunciado na semana passada irá atuar na conservação da espécie no Pará

De acordo com Renata Emin, o peixe-boi não possui predadores naturais.

“Infelizmente, mesmo que proibido por lei, filhotes ainda são capturados para atrair e abater as mães, o que resulta em animais órfãos. Na natureza, os filhotes permanecem ao lado da mãe por até dois anos, período essencial para o seu desenvolvimento e aprendizado”, explica a bióloga.

O Instituto Bicho D’água faz o monitoramento de praias e ações de educação ambiental no Pará, entre o leste da Ilha do Marajó até Salinópolis. A iniciativa faz parte do Projeto de Caracterização e Monitoramento de Cetáceos (PCMC) da TGS, exigência estabelecida no processo de licenciamento ambiental conduzido pelo IBAMA para a pesquisa e levantamento de dados geológicos nas bacias do Pará-Maranhão e Foz do Amazonas.

Na semana passada, TGS, Ibama e Instituto Bicho D’agua anunciaram, durante evento no município de Soure, na Ilha do Marajó, a criação do Projeto de Conservação de Peixes-Boi no Estado do Pará. O projeto foi concebido a partir da identificação, por parte do Ibama, da necessidade de sistematizar e otimizar os resgates de peixes-boi na região, cuja população já apresenta sinais de declínio.

“Estão previstas, como iniciativas do Projeto, atividades que vão do resgate, estabilização e reabilitação à reintegração desses animais em seu habitat natural. Além disso, o projeto irá monitorar os peixes-boi após a soltura, visando avaliar sua adaptação e sucesso reprodutivo e realizar atividades de capacitação e educação ambiental”, detalha presidente do Instituto Bicho D’água.

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