Eu sou Paula Maria Mesquita Santiago Moura. Nasci em São Luís, no Maranhão, sou Bióloga e Médica Veterinária. Trabalho na área ambiental desde 2011. Em 2013 entrei no Projeto Queamar e encontrei o que realmente eu queria fazer e buscava durante as minhas formações acadêmicas, fazer algo que entrelaçasse os conhecimentos da medicina veterinária e da biologia: estudar as tartarugas e fazer pesquisas que ajudasse na conservação destes animais.

Em fevereiro de 2023 descobri que estava grávida, mas continuei com as atividades de campo, fui para as coletas até os oito meses. Subia as dunas dos Lençóis Maranhenses, andava e percorria quilômetros de praia para realizar os monitoramentos.

Minha filha quase nasceu no campo, nasceu quase um mês antes do previsto.

Depois do nascimento da minha filha, fiquei nos bastidores durante 6 meses. Neste período, lembrei por tudo que já tinha experenciado, o quanto eu aprendi, tudo que eu me tornei como pesquisadora, professora e profissional.

Ainda não sabendo como seria e se iria voltar para campo, recebemos um chamado informando que diversas tartarugas tinham nascido em uma noite anterior. Fui verificar o ninho para fazer estimativa de quantos nasceram e tive uma grande surpresa: ainda havia uma tartaruguinha saindo do ninho, acompanhei todo o trajeto dela até o mar.

Naquele momento eu tive a certeza de que o meu lugar é monitorando estes animais, é fazendo pesquisa, é realizando ações de educação ambiental e conservação.

Hoje estou como professora do IFMA, no Campus Barreirinhas e sou médica veterinária do Projeto Queamar, atuando no monitoramento dos encalhes de tartarugas marinhas no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, nas praias do Canto do Atins, em Barreirinhas, até a Ponta da Baleia, em Santo Amaro.

Nos últimos meses tive a oportunidade de realizar os monitoramentos de praia, e mais importante, participar do resgate de duas tartarugas vivas, que estão, hoje, em reabilitação.

A primeira, a maior que já vi viva, a Judith, com 1,19m de comprimento de carapaça com aproximadamente 250Kg, que encalhou nos Lençóis Maranhenses e apresentou ingestão de lixo marinho e fratura de nadadeiras. E a Paulina, tartaruga juvenil/sub-adulta, que encalhou na Praia do Caburé.

Participar dos resgates e da reabilitação é colocar em prática o que eu posso fazer como Bióloga e Médica Veterinária. Temos uma boa equipe, colaboração da comunidade, das instituições parceiras, isto é imprescindível. É um sentimento de esperança de que podemos fazer algo pelo meio ambiente e por estes animais.

Quero ainda por muito tempo fazer este trabalho que me faz feliz e que contribui na conservação destes animais que enfrentam inúmeros desafios desde a hora que nascem. Ainda quero ouvir minha filha responder a pergunta: O que tua mãe faz? – Salva tartarugas.

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