Pesquisadores do IEPA devolveram ao mar, na tarde da última sexta-feira (30/5), uma tartaruga-verde (Chelonia mydas) de 1,15m de comprimento do casco na Praia do Goiabal, no litoral amapaense.

A ação aconteceu durante o 24º monitoramento quinzenal do Projeto de Caracterização e Monitoramento de Cetáceos (PCMC).

Segundo a geógrafa Claudia Funi, coordenadora do PCMC no Amapá, a equipe acreditou que a tartaruga já estava morta. Porém, após alguns segundos, o animal se movimentou e a equipe prestou os primeiros atendimentos.

“A gente viu algo se sobressaindo lá no horizonte e fomos até lá. Quando estávamos chegando, dava para ver que era uma tartaruga, mas tava imóvel, e a gente pensou que ela estava morta. Quando a gente parou do lado, ela se moveu”, relatou Claudia.

O resgate contou com o apoio de quatro moradores da região (Joaquim Monteiro (Bob), José Valmar de Oliveira (Cigano) Flávio Gomes e José Lisboa (Zeca)), que improvisaram um instrumento para que o animal fosse movido.

“Nós colocamos em cima de uma tampa de geladeira e colocamos no quadriciclo para chegar até uma parte que teria uma água para colocar ela dentro”, contou José Lisboa, conhecido como Zeca, pecuarista e morador da Praia do Goiabal.

Claudia acredita que o encalhe tenha ocorrido após a tartaruga ter subido a praia para desovar, mas que não conseguiu retornar ao oceano a tempo por conta da oscilação de marés.

“A gente viu os caminhos que ela fez lá. Ela ficou, na verdade, perdida. A gente acha que ela subiu para desovar, a maré secou e ela não conseguiu voltar. Ela deve ter se perdido, ficado num canal de maré e, quando ele baixou, ela foi procurar o mar e não encontrou […] tava longe demais de qualquer água”, disse a coordenadora do projeto.

Pesquisadores do IEPA devolvem ao mar tartaruga-verde com 1,15 m de comprimento do casco na Praia do Goiabal
Pesquisadores do IEPA devolvem ao mar tartaruga-verde com 1,15 m de comprimento do casco na Praia do Goiabal

A pesquisadora do IEPA Valdenira dos Santos explicaa dificuldade dos animais retornarem ao mar naquela área, devido a grande amplitude de maré que ocorre na Praia do Goiabal, ou seja, quando há uma grande diferença de altura entre a maré alta (preamar) e a maré baixa (baixa-mar).

“O fato de encontrar animais, na planície de maré, quase mortos é que tem uma extensa região de praia, ali. São praticamente 3 quilômetros de praia […] Geralmente, na maré alta os animais, eles vem nadando, né? A maré alta chega até a região de mangue e recobre a área de mangue, algumas porções da praia que tem um mangue logo a sua frente. Quando essa maré baixa, muitas das vezes não dá tempo dos animais saírem e eles acabam ficando no meio da planície de maré. A maré recua esses 3 quilômetros de praia, então, aí o animal vai ter que andar bastante para chegar até novamente ao mar”

Antes de devolver ao mar, a equipe analisou as condições do animal de retornar ao habitat, se havia ferimentos ou algo que pudesse ocasionar novos encalhes. O veterinário do PCMC constatou um prolapso ocular, condição em que o olho, ou partes do olho, saem do lugar dentro da órbita ocular.

“Ele estava em estado de desidratação, devido ao calor excessivo e também apresentava um prolapso ocular, devido ao estresse e da força que ele fazia. O animal foi estabilizado, foi colocada bastante água no animal para evitar a desidratação e esse animal foi encaminhado para um canal, aonde seria, posteriormente, encaminhado para a água. Esse animal foi retornado à água com uma perspectiva positiva que esse animal não venha a encalhar”, detalhou o veterinário, que preferiu não se identificar.

Sobre o PCMC

Realizado desde 2024, o projeto foi uma exigência do Ibama estabelecida no processo de licenciamento ambiental da pesquisa marítima para levantamento de dados geológicos da TGS nas bacias do Pará-Maranhão e Foz do Amazonas, na Margem Equatorial brasileira.

As atividades incluem o monitoramento de praias – para atuar e analisar encalhes de baleias, botos e golfinhos – e ações de educação ambiental em comunidades locais.

O PCMC disponibiliza ainda números para acionamento em casos de encalhe de animais marinhos:

Disk Encalhe (WhatsApp)
(96) 99206-3344
(96) 99116-3712

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