Elaynne Barroso é médica veterinária, tem 28 anos e nasceu no povoado de Mandacaru, em Barreirinhas, no Maranhão. Na margem esquerda da Barra do Rio Preguiças, quase em frente ao Caburé, Mandacaru é um povoado de aproximadamente 1.300 habitantes, a maioria vivendo da pesca, agricultura de subsistência e artesanato de palha de buriti.
Elayne é membro do Instituto Amares e desenvolve atividades desde a comunicação social e educação ambiental para adultos e crianças da região à atendimentos a encalhes de animais marinhos. Iniciou trabalhando como voluntária do Amares, ajudando no monitoramento de desovas de tartarugas na região.
“Ela ainda fazia faculdade nessa época e ainda não tinha em mente o que queria fazer, queria conhecer outras áreas. Nos mantivemos em contato, a indicamos como nossa representante nos Conselhos de Unidades de Conservação da região para se envolver ainda mais com as questões locais e após formada, ela fez aprimoramento em cirurgia, foi trabalhar em clínica de pet em São Luís. Na primeira oportunidade de contratação remunerada eu a consultei, e imediatamente ela se prontificou a compor o quadro dos técnicos do projeto, em Barreirinhas”, conta Nathali Ristau, coordenadora do Instituto Amares.
“A Elayne sempre teve não só uma grande responsabilidade e pertencimento com a região, quanto uma preocupação muito grande com as pessoas que vivem ali e fazem parte do lugar dela. Muitas vezes me ajudou a reunir a criançada no povoado pra fazermos educação ambiental e construir com eles os ciclos biológicos das espécies que vivem no entorno”, destaca.
“Fico muito feliz em desenvolver essas atividades porque eu mesma fui uma dessas crianças. Participei de eventos, de atividades na escola e foi assim que aprendi a importância de ter esse cuidado, essa sensibilização maior em relação à preservação ambiental. E foi o que despertou em mim esse interesse profissional”, conta. “Eu sou fruto de uma educação ambiental”, define.
“Minha relação com o meio ambiente sempre foi de muita proximidade e pertencimento. Perto da natureza é onde encontra paz e maior proximidade com o criador. Poder nascer em um lugar tão especial e rico em belezas naturais quanto o que nasci é um privilégio maravilhoso. O mar, o rio Preguiças sempre teve e tem bastante importância na minha vida e dos meus ancestrais. Meus avós foram pescadores, meu pai e minha mãe foram criados e nos criaram com os frutos vindos do mar, da pesca. Portanto, poder fazer esse trabalho e aprender mais sobre essas espécies marinhas, conhecer sobre a vivência da comunidade e suas estórias e levar a sensibilização da preservação da natureza como um todo é algo que me torna não somente uma profissional mais capacitada, mas também um ser humano melhor”, diz.
Ela conta que nessas vivências de comunicação social, nas comunidades, passou a conversar com moradores mais antigos.
“E com isso surgiu a ideia de reunir essas estórias para deixar registrado o conhecimento das pessoas que já estão em uma idade mais avançada e que brevemente irão nos deixar. E com elas irão essas estórias que ninguém ainda retratou, que ninguém escreveu”, explica.
“A intenção é fazer com que essas histórias se perpetuem, para que as próximas gerações saibam a nossa própria história, como mandacaruenses”, reforça.